"Better to remain silent and be thought a fool than to speak out and remove all doubt." - Abraham Lincoln
O melhor que o Governo teria a fazer sobre o caso Mário Crespo seria ou o silêncio ou algum comentário tão curto que não enterrasse ainda mais José Sócrates, depois de todos os inconclusivos escândalos anteriores. Jorge Lacão soube perceber isso muito bem, e por isso limitou-se a afirmar que não comenta casos com base em "calhandrices". Infelizmente para si próprio e para o primeiro-ministro, Augusto Santos Silva não teve a mesma perspicácia, e acabou por falar demais.
Segundo o Público, Santos Silva acha "absolutamente inacreditável" que se queira "fazer um texto com base no que supõe serem informações que lhe tenham sido transmitidas acerca de conversas privadas, tidas em restaurantes". Curiosamente, o ministro da defesa não acha "absolutamente inacreditável" que o primeiro-ministro, acompanhado por dois ministros, se dirija num restaurante à mesa onde está o director de programas da SIC e lhe diga que Mário Crespo é um problema que tem que ser solucionado.
Para além disso, também é estranho que não ache "absolutamente inacreditável" que ele próprio classifique como privadas conversas que são ouvidas noutras mesas do restaurante. Eu, pelo menos, quando quero garantir privacidade, procuro falar de forma a que os outros não ouçam. O que é "absolutamente inacreditável" aqui é que venha agora Santos Silva dar lições de moral sobre privacidade, dizendo que “todos temos direito à privacidade das nossas comunicações”, procurando defender o primeiro-ministro (a meu ver, Santos Silva já está a alargar demasiado o conceito de ministro da defesa) de forma a torná-lo a vítima destes acontecimentos preocupantes, que nem tem direito a ter conversas em privado sobre os jornalistas cuja situação quer ver solucionada.
Como se não bastasse, Santos Silva conseguiu dizer ainda que a situação "não merece nenhum crédito", já que "as fontes não são conhecidas". Claro que, sendo agora algumas fontes já conhecidas, provavelmente é altura de voltar a entrevistar o ministro, que certamente já lhes dará crédito. No meio de tanta lábia, Santos Silva só não conseguiu fazer uma coisa: desmentir o sucedido. Se tivesse ficado calado, algumas dúvidas teriam permanecido. Assim, acabou de dissipá-las...
No comments:
Post a Comment