Ontem, estudantes de todo o país (centenas? milhares? as notícias diferem...) saíram às ruas para se manifestarem, pedindo "um novo estatuto", "educação sexual", "o fim dos exames nacionais, das aulas de substituição e das provas de recuperação". Os estudantes portugueses do ensino básico e secundário têm muitas razões para protestar, mas, na sua generalidade, essas razões não são certamente as que reivindicam. Compreendo que o actual estatuto do aluno tenha algumas medidas injustas que mereçam ser alteradas, mas o mesmo não se passa com o essencial as restantes reivindicações.
Por exemplo, o objectivo da reivindicação da educação sexual é cada vez mais claro: acrescentar mais uma disciplina ao curriculum, entre tantas que os alunos hoje já têm, que não esteja lá para transmitir e avaliar os conhecimentos essenciais que devem ser atribuídos à escola, mas sim para entreter os alunos durante mais umas horas ao longo do ano, sob a máscara de que se está a promover as competências para uma boa cidadania, etc., etc. Para além disso, o fim dos exames nacionais - um dos pilares fundamentais de uma educação justa - descredibiliza totalmente protestos como este.
Contudo, há dados mais preocupantes do que simplesmente as bandeiras que são defendidas. Uma aluna de 15 anos que estava na manifestação foi entrevistada pelo Público, dizendo que foi lá "para reivindicar os meus direitos”. No entanto, quando o entrevistador perguntou que direitos são esses, a aluna deu a seguinte resposta: “Isso já é mais difícil de explicar. Só sei que o Governo está a fazer tudo mal”. Esta atitude bem portuguesa, de reivindicar só por ser um direito, perdendo a noção do que é mais justo e correcto, toma proporções particularmente assustadoras no meio estudantil.
Acertadamente, a Plataforma Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário não apoiou iniciativa. Segundo o Público, o porta-voz da plataforma disse o seguinte, que de uma forma geral me parece acertado:
"Há democracia nas escolas. Há é pessoas que não a sabem praticar e que usam temas de bandeira fáceis e que não levam a lado nenhum." Ainda assim, o estudante de 19 anos assume que tem pontos de vista em comum, como o Estatuto do Aluno: "Não faz sentido que seja igual um estudante dar uma falta justificada ou injustificada. Não pode ser igual estar doente ou estar no café."
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