Saturday, January 23, 2010

Linguagem e Preconceitos

Quando li The Blank Slate, de Steven Pinker, um dos capítulos que achei mais interessantes era dedicado à linguagem. Numa secção desse capítulo, o autor aborda a necessidade que a sociedade tem em mudar constantemente os nomes das coisas contra as quais existem preconceitos. Mas, bem vistas as coisas, isto em nada contribui para diminuir preconceitos, pois, como é evidente, o preconceito não está contra o nome, mas - como a própria palavra indica - contra o próprio conceito.

São vários os exemplos em que isto acontece na nossa sociedade. Um dos mais típicos é a insistência de certas pessoas em proibir que se diga "cidadão americano" ou "norte-americano", para se passar a dizer "estado-unidense", pois estão de alguma forma convencidas de que dizê-lo revela um desrepeito pelos restantes países do continente Americano, e que a expressão só é comum devido à mania dos Estados Unidos de que são poderosos e ao desejo que têm em inferiorizar os outros (?!). No entanto, há casos mais espantosos, e um relato de Pinker permite que nos apercebamos onde por vezes chega esta moda inconsequente, cujo único objectivo é ser politicamente correcta:

Even the word minority — the most neutral label conceivable, referring only to relative numbers — was banned in 2001 by the San Diego City Council (and nearly banned by the Boston City Council) because it was deemed disparaging to non-whites. “No matter how you slice it, minority means less than,” said a semantically challenged official at Boston College, where the preferred term is AHANA (an acronym for African-American, Hispanic, Asian, and Native American).

O autor conclui então com um acertadíssimo comentário pessoal, cuja frase final me parece particularmente relevante. Afinal, como saber que determinado preconceito está a desaparecer?

(...) concepts, not words, are primary in people's minds. Give a concept a new name, and the name becomes colored by the concept; the concept does not become freshened by the name, at least not for long. Names for minorities will continue to change as long as people have negative attitudes toward them. We will know that we have achieved mutual respect when the names stay put.

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