O biólogo Richard Dawkins utiliza muitas vezes o termo "ciência poética" para caracterizar as metáforas que os cientistas utilizam para transmitir a ciência não só ao público em geral, mas também para que eles próprios a entendam melhor. No entanto, Dawkins distingue a "boa ciência poética" da "má ciência poética". A primeira acontece quando as metáforas e a linguagem poética oferecem uma maneira que de facto ajuda a tornar a ciência cativante e, simultaneamente, a ser mais facilmente percebida; a segunda encontra-se em autores cuja linguagem pretende ser bela e cativante, mas que muitas vezes não é nem uma coisa nem outra, para além de não constituir um benefício para entender a ciência.
Lembrei-me deste termo de Dawkins quando li a entrevista de Manuel Alegre ao Expresso, mas neste caso modificando a expressão original para "política poética". Porque a retórica e a forma de comunicar com o público são muito importantes em política, os políticos muitas vezes também utilizam linguagem mais poética para melhor explicar as suas motivações. No entanto, também aqui é possível separar a "boa política poética" da "má política poética". A forma como entendo uma e outra é análoga em relação à ciência. Aqui ficam dois exemplos: para mim, o primeiro é má política poética, e o segundo boa.
[Um Presidente da República] tem que pensar o impossível e ver o que não é visível.
Manuel Alegre
I want it said of me by those who knew me best that I always plucked a thistle and planted a flower where I thought a flower would grow.
Abraham Lincoln
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