O meu amigo Jorge Dias, estudante de Humanidades, escreveu este mês para o jornal amador setubalense Ecos um parágrafo que me parece da maior pertinência, e como tal vou citá-lo aqui. Mas, antes disso, gostaria apenas de fazer uma pequena introdução. Quem percorre caixas de comentários de blogs e de jornais online não pode deixar de se aperceber da quantidade de lixo que lá existe. Em geral, não há opiniões mais básicas, mais primárias, mais ausentes de qualquer tentativa de utilização da razão e da lógica, do que aquelas que se encontram nesses locais. Fica a dúvida: esses comentários reflectem aquilo as pessoas que os escrevem de facto pensam, ou será que consideram simplesmente que, quando estão sob a capa protectora do anonimato, é dispensável a atitude de pensar? Seja qual for o caso, não sei o que será mais preocupante.
Aqui fica o texto:
Mais do que estar atento à realidade, temos, a cada dia que passa, o igual dever de conhecer e de aprofundar esse conhecimento. Quando não nos damos a este trabalho, abre-se um livro que é lido em contornos meramente superficiais. Mas, posto isto, há ainda que evoluir para um estádio final, que se traduzirá num nível de bom senso que nos permita dosear inteligentemente a importância que atribuímos a factos e eventos com os quais nos deparamos. Como exemplo, li uma notícia na página online do jornal Expresso relatando suspeitas sobre vários climatologistas que terão exagerado dados sobre o aquecimento global. Sublinho que, a ser verdade, é impossível concordar com tamanha falta de transparência. Contudo, as reacções que surgiram no seguimento disto começavam pela banalização fulminante do tema do clima, misturando-o desajeitadamente com o da poluição, e só terminavam no questionamento do valor da própria pesquisa científica. Fiquei assim com a sensação que para os leitores do Expresso online bastou esta notícia para que respiremos melhor e até para que a Ciência perca a sua importância.
Há que observar este nosso mundo por um prisma de racionalidade, bom senso e pragmatismo, o que muitas vezes não acontece.
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