Faz hoje vinte e nove anos que partiu Francisco de Sá Carneiro. Um homem que fez parte da Assembleia Nacional do governo de Marcelo Caetano nos anos de 1969 e 1970 e que, juntamente com a restante Ala Liberal que liderava no Parlamento, sempre dedicou o seu tempo a apresentar propostas que visassem aproximar Portugal das democracias europeias da altura. Infelizmente o seu sonho não foi possível durante esse período, saindo em ruptura com a restante estrutura partidária por não ter conseguido apoios na sua proposta de sufragar universalmente o cargo de Presidente da República.
Após a Revolução de Abril de 1974, fundou no dia 24 de Maio desse mesmo ano o PSD, juntamente com Magalhães Mota e Pinto Balsemão. Foi Primeiro-Ministro durante praticamente todo o ano de 1980 no famoso governo da Aliança Democática, que viria a ter o seu fim no dia em que o avião de Sá Carneiro se despenhou em Camarate, avião esse onde seguia também Adelino Amaro da Costa, do CDS.
Ainda hoje se especula sobre a origem deste desastre. Terá sido atentado ou acidente? Ao fim de oito comissões de inquérito que envolveram peritos na área da aviação, políticos e advogados, o caso foi encerrado a nível parlamentar, concluindo-se que Sá Carneiro foi vítima de atentado. Apesar desta conclusão geral, o assunto é tudo menos pacífico a vários níveis. A nível técnico, inúmeros peritos de aviação mantêm a tese de acidente como a mais provável para a queda do avião a 4 de Dezembro de 1980.
No meio de tanta dúvida surge um certeza: partiu uma das mais altas figuras a nível político que alguma vez a III República conheceu. Apesar de ter nascido dez anos após a sua morte e não ter presenciado nada da obra política de Sá Carneiro, sei o suficente para admirar um homem que sempre lutou pelas suas convições, mas com o máximo de respeito pelos seus opositores. Um homem que foi incansável na procura de soluções para tornar Portugal numa verdadeira democracia ocidental, através de ideais nobres, tendo sempre o humanismo social democrata e o indivíduo em particular, como o centro de toda a sua acção política.
Aos quarenta e seis anos morria Francisco de Sá Carneiro, e todo um país chorava a sua perda e cobria-se de negro. Onde quer que esteja, Paz à sua Alma!
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